O legado das Deusas, de Cristina Balieiro
Texto de Guilherme Balieiro, neto da autora
A cultura em que a humanidade vive há mais de 5 milênios pode ser definida como patriarcal: uma cultura, entre outras coisas, hierárquica, que valoriza o princípio da força, do domínio e do que se pode chamar de princípio masculino. O patriarcado, porém, não é “coisa de homem: é uma forma de organização social baseada no poder”. Este é um trecho do livro O legado das Deusas, que tem o objetivo de mostrar como as Deusas femininas apareciam na sociedade e na cultura.
O livro foi escrito pela escritora Cristina Balieiro e publicado em 2014 pela editora Pólen Livros (atual editora Jandaíra) e tem como objetivo principal mostrar como as deusas participavam das culturas, apresentar os povos antigos e sua relação com o patriarcado. O livro contém o mito de 20 Deusas, que apesar de antigas, trazem ensinamentos e inspiração para as mulheres adquirirem uma nova visão sobre o que é ser mulher. Um dos objetivos é mostrar qual o potencial que as mulheres têm dentro de si.
Um ponto muito positivo do livro é o fato de que cada mito traz um “ensinamento” para as mulheres da atualidade, como no trecho do conto de Afrodite, que ensina que a beleza é um ponto essencial e que as mulheres devem sim preocupar-se com isso: “A primeira lição que Afrodite nos oferece é a importância da beleza. Em nossa vida atual, tão atribulada, tendemos a achar perda de tempo e inutilidade prestar atenção aos detalhes que podem trazer ‘boniteza’ à nossa vida e não temos olhos para apreciação do belo. Muitas vezes até nos esquecemos disso e não percebemos como a feiura entristece a alma.”
Já no início da obra a autora relata os objetivos dela com a escrita do livro, como no trecho “outra coisa que gostaria de esclarecer é que neste livro falo algumas vezes da relação das mulheres com os homens, mas todo ‘ensinamento’ que as Deusas trazem vale também para mulheres que não estão em um relacionamento”. A ação de indicar os objetivos é uma forma de evitar uma visão negativa dos leitores, pois o objetivo sempre estará claro.
A autora comenta que o livro é formado, além dos mitos e “ensinamentos” das Deusas, com suas experiências próprias, como dito no trecho: “Assim, reforço que o que apresento aqui é somente uma de muitas visões possíveis: a minha, que é resultado da minha experiência de vida como mulher e terapeuta, das minhas leituras e estudos, das minhas reflexões e da minha visão de mundo”.
Após tudo podemos concluir que é um livro muito bem escrito e que podemos acompanhar diretamente a opinião da autora. É um livro que super recomendo para mulheres e para homens aprenderem sobre o significado do feminino em diversas culturas além das suas e para poderem chegar a uma conclusão sobre o significado do que é o feminino.