Dia da Criança e o brincar do saber: sugestões de leitura!
por Chico Mieli
Um dos muitos sambas de roda lá do Recôncavo da Bahia, cantado pelas sambadeiras de Santo Amaro a Cachoeira, diz assim:
"Aprender a ler para ensinar meu camarada
Aprender a ler para ensinar meu camarada"
O mote, uma lição de pedagogia, também é pura filosofia que tem tudo a ver com o dia das crianças. Para a sorte delas, o 12 de outubro calhou de dividir o dia com a festa da padroeira do Brasil e compartilha feriado dedicado à Aparecida.
Será que criança intui que toda gente é camarada em potencial? Difícil acreditar, mas com certeza entende que o mundo, esse sim, é inteiro uma extensão a se aventurar para conhecer. Mundo é pra perguntar, provar e explicar aos outros o que experimentou e conferiu.
Criança nasce sabendo? Rápido aprende a saber e, antes disso, a tomar parte no contar daquilo tudo que, nem se vê, descobriu. Pai e mãe tiram dedo de tomada, enchem boca de verduras e cuidam que a água do banho não venha quente demais. Esses lembram que o mundo tem cerca e fronteira, é cheio de estranhos e não há resposta que dê conta para tanta pergunta...
A oportunidade sempre à vista, com data marcada pra este 12 de outubro, é menos reavivar nossa criança anterior, aquela que fomos e já perdemos, do que praticar com as crianças que nos cercam, agora, uma disposição mais direta e inventiva com a vida. Mestras que são porque já ensinam o que ainda têm de aprender.
O que importa, mesmo, é que elas tenham abertura para esse ofício de viver. Que, brincando, possam dar forma a tudo o que quiserem, que haja uma só lonjura de mundo sem fim nem limites à disposição de todas, dia por dia. Isso envolve incentivo dos pais, da comunidade e de qualquer instituição de governo comprometida, dever dos mais sérios. Eleição à vista, vale se atentar inclusive em quem respeita a infância sem a idealizar, perverter ou oprimir.
Pra nós, literatura é exemplo, representação, produz reconhecimento. Mas também uma chance de superar as probabilidades da vida, de estranhar o diferente e o inédito! Criança sabe bagunçar bem entre essas duas ordens. Fique com quatro sugestões de leitura que entram nesse jogo de ensinar os grandes e os pequenos:
1. A menina que mora em mim, de Sheila Basilio
Maria era uma mulher cheia de qualidades, mas sempre focava em seus defeitos e desacreditava dos elogios que recebia. Ela descobriu que dentro de si morava uma menina muito assustada que guardava tristeza, dor e medo. Quando Maria estava mal, a menina chorava e fugia. Cansada de sentir-se dessa forma consigo mesma, Maria tentava ignorar os sentimentos, mas eles sempre voltavam. Sem entender o porquê de tanta tristeza, ela decidiu conversar e entender a menina. Como fazer as pazes com algo que faz parte de quem se é?
2. Cadu e o mundo que não era, de Lúcio Goldfarb e Pedro Menezes
Cadu é um menino que vive no mundo da Lua. A professora chama, mas ele nunca atende, porque está sempre desbravando mundos imaginários, explorando o espaço sideral, enfrentando monstros... E o que ele quer ser quando crescer? Inventor! Mas não um inventor qualquer. Cadu quer ser inventor de pessoas!
3. Meninas incríveis, organizado por Ana Paula Sefton
Este livro reúne histórias de várias meninas incríveis! São histórias de conquistas, de superação, de criação, de desenvolvimento da autoestima e muito mais! A partir de uma ação nas mídias sociais nos canais de @meninasincriveis, convidamos meninas de todo o Brasil a nos enviarem histórias que narrassem suas experiências e tivessem como foco o empoderamento feminino. E para essa rede continuar se multiplicando, a cada livro vendido, um será doado para escolas, organizações ou diretamente para meninas.
4. O pato que descobriu quem era, de Ana Paula Sefton
O pato Fred morava no pátio de uma escola e tinha muitos amigos e amigas. A vida corria às mil maravilhas, até que ele teve uma notícia grandiosa sobre si mesmo. O que você faria se descobrisse que não é quem pensava ser? Como será que o pato Fred lidou com a novidade? E seus amigos, o que será que pensaram?
FOTO (reprodução): peça de Antonio de Oliveira, de Belmiro Braga (MG), acervo do Museu do Pontal (RJ). Disponível em: https://www.pressenza.com/pt-pt/2022/09/ultimo-dia-para-visitar-a-exposicao-brincares-no-museu-do-pontal/